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Publicado em: 26/11/20


VAMOS FALAR SOBRE UM DIA PARA A CONSCIÊNCIA HUMANA?

 

 

“Respeite a vida.” Vemos isso ao nosso redor, muitas vezes como uma espécie de slogan. A frase aparece em adesivos de para-choque, outdoors, placas de marcha e similares. Nos EUA, temos visto o movimento dos antifas destruindo monumentos históricos, fazendo apologia contra os brancos (mesmo que esses sejam mulheres e crianças). No Brasil, devido a uma formação ideológica, algumas pessoas ligadas a partidos de Esquerda vêm disseminando uma culpa que não podemos carregar: a dívida histórica com o povo negro porque eles foram escravizados por brancos. Uma verdadeira falácia e desinformação.

O que é falácia? Falácia é um raciocínio que parece lógico e verdadeiro, porém existe alguma falha que o faz ser falso. A falácia foi um recurso utilizado por Aristóteles, pela Escolástica. E desinformação? Desinformar e informar mal não são a mesma coisa: a desinformação é uma ação estratégica, que inclusive foi e continua sendo utilizada em larga escala por serviços de inteligência para transformar a maneira como o homem e as sociedades interpretam os acontecimentos e a realidade.

Vamos a um pouco de história. O comércio de escravos existiu na África desde a Antiguidade, por volta do século II a.C., porém o número de escravos acentuou-se na Idade Moderna, com o tráfico negreiro europeu. A maior fonte de escravos sempre foram as guerras, com os prisioneiros sendo postos a trabalhar ou sendo vendidos pelos vencedores. Mas um homem podia perder seus direitos de membro da sociedade por outros motivos, como a condenação por transgressão e crimes cometidos, impossibilidade de pagar dívidas, ou mesmo de sobreviver independentemente por falta de recursos. Os africanos escravizavam-se uns aos outros por questões de identidade cultural. Eles não se conheciam como africanos, pois se identificavam de diversas maneiras como: pela família, clã, tribo, etnia, língua, religião, país ou Estado. Essa diversidade sugere uma sociedade bem mais complexa do que designamos por africanos. Havia vários modos de um indivíduo se tornar escravo na África. O mais comum e talvez mais eficiente era o escravo de guerra.

É óbvio que somos contra a todo tipo de escravidão, preconceito e racismo. No entanto, eu realmente acredito que para enfrentar o racismo/preconceito precisamos chegar à raiz do problema: uma falta básica de respeito pela vida humana. Defendo que, ao invés de dias de consciência negra, deveríamos ter o Dia da Consciência Humana.

Gosto de plantar flores em vasos, onde o esforço compensa ao ver que a planta cresce e até multiplica a beleza do ambiente. Mas também sou uma jardineira preguiçosa. Não cultivo flores no jardim porque odeio capinar, embora saiba que precisa ser feito. As ervas daninhas são muito mais difíceis de arrancar, às vezes até mais do que as plantas estabelecidas. Quando se opta pelo caminho preguiçoso e apenas remove as ervas daninhas pelo topo – elas sempre voltam a crescer a uma taxa que excede as flores que florescem no jardim. A única maneira de matar as ervas daninhas é arrancá-las pela raiz. Leva tempo, força e persistência. Precisamos arrancar as raízes se quiser alguma chance de preservar a beleza e salvar o jardim de ser sufocado por ervas daninhas.

O racismo/preconceito é como ervas daninhas que ameaçam sufocar a beleza da vida humana. De maneiras sutis e não tão sutis, existem atitudes profundas e penetrantes que influenciam nossos pensamentos, conversas, ações e legislação quando se trata do tratamento de outras pessoas. O racismo desvaloriza a vida com base na cor da pele.

Eu acredito firmemente no valor da vida humana desde a nossa concepção no útero até a morte natural. Não apoio o aborto, a eutanásia ou a pena capital. Eu sou pela posse responsável de armas e pelo controle legislativo de armas. Acredito que todo ser humano merece respeito e direito à vida.

Embora eu nunca tenha tido que lidar com o racismo em minha própria vida, eu lido com os preconceitos que vêm de criar um filho Autista na maioria dos dias. Se você acha que vivemos em uma sociedade acessível, tente lidar com uma crise sensorial de um autista em um ambiente público como uma rodoviária. Todos olham para nós de forma recriminado – quando não vêm nos afrontar dizendo que nosso filho é mal-educado.

Esses dias ouvi uma professora de Educação Infantil, uma profissional maravilhosa, desabafar que tinha vergonha de ser branca. Fiquei chocada. Como assim? No Brasil, não há raça puramente branca ou negra. Somos miscigenados. O Brasil tem uma cultura diversa, única entre as nações. Há pessoas preconceituosas? Sim. Temos como minimizar isso? Sim. Através do conhecimento. Temos problemas no Brasil? Inúmeros. Mas, segregação racial não é um desses, pois não há segregação racial no Brasil. Isso é uma grande mentira.

Embora eu acredite que as vidas dos negros são importantes, não apoio a violência de nenhuma forma – por parte da polícia ou de manifestantes. Em minha opinião, todas essas ações horríveis apontam para a raiz da violência: a falta de respeito pela vida humana. Quando passarmos a entender que vidas de deficientes importam, vidas de crianças no ventre das mães importam, vida de idosos importam, vidas de crianças de rua importam, teremos o entendimento de que todas as vidas importam.

Temos um longo caminho a percorrer para combater o racismo/preconceito no Brasil (e no mundo) e, como sempre, ele começa em nossos próprios corações, nossas casas e em nossas conversas dentro de nossas próprias famílias. Quando destruímos a raiz – a falta de respeito pela vida humana – a paz florescerá entre todos.

A vida negra é importante porque toda vida humana merece respeito.

Termino esse texto citando o presidente Bolsonaro:

“Estamos longe de ser perfeitos. Temos, sim, os nossos problemas, problemas esses muito mais complexos e que vão além de questões raciais. O grande mal do país continua sendo a corrupção moral, política e econômica. Os que negam este fato ajudam a perpetuá-lo.

– Não adianta dividir o sofrimento do povo brasileiro em grupos. Problemas como o da violência são vivenciados por todos, de todas as formas, seja um pai ou uma mãe que perde o filho, seja um caso de violência doméstica, seja um morador de uma área dominada pelo crime organizado.

– Existem diversos interesses para que se criem tensões entre nosso próprio povo. Um povo unido é um povo soberano, um povo dividido é um povo vulnerável. Um povo vulnerável é mais fácil de ser controlado. E há quem se beneficie politicamente com a perda de nossa soberania.

– Não nos deixemos ser manipulados por grupos políticos. Como homem e como Presidente, sou daltônico: todos têm a mesma cor. Não existe uma cor de pele melhor do que as outras. Existem homens bons e homens maus. São nossas escolhas e valores que fazem a diferença.

– Aqueles que instigam o povo à discórdia, fabricando e promovendo conflitos, atentam não somente contra a nação, mas contra nossa própria história. Quem prega isso, está no lugar errado. Seu lugar é no lixo!” (Jair Bolsonaro, 22/11/2020).

 

 

Ana Paula Sá Menezes

Mãe de Autista

Mestre em Ensino de Ciências na Amazônia

Especialista em Ensino de Matemática

Especialista em Neuropsicopedagogia

 

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