Na sede da Assembleia Legislativa, Sérgio Cruz tem sua presença política registrada. Na placa com os nomes dos constituintes, ele está como um dos 18 parlamentares; também consta na galeria de ex-deputados e, recentemente, recebeu homenagens da Casa pelos 40 anos da primeira Constituição. Sobre o que mudou na política, ele é enfático: “Desde a Proclamação da República, é sempre a mesma coisa. O que muda são esses espaços, mudança de regime, período revolucionário. O político é sempre o mesmo. Tem o político da oposição, tem o político da situação. Quem está na oposição acha que está ruim, quem está na situação acha que está tudo bem”.
“Briga de grupos políticos prejudicou MS”
O ex-deputado Sérgio Cruz também falou desses 40 anos de instalação de Mato Grosso do Sul. Segundo ele, o norte (Mato Grosso) se uniu pelos seus interesses, e o sul (Mato Grosso do Sul) “herdou exatamente a política, as divisões políticas. Tinha o Canale (Antonio Mendes Canale). Aqui, ficou a divisão UDN e PSD. O Pedrossian tentando assumir todo o poder do Estado, sem conseguir. Tentou… Conseguiu depois, com a saída de Geisel (general Ernesto Geisel, presidente que criou o novo estado). O Figueiredo (presidente general João Figueiredo) entrou e deu uma mudada na política. Analisando hoje, 40 anos depois – eu que fui oposição do governo todo o tempo –, minha conclusão é de que se tivesse permanecido o Harry Amorim Costa (primeiro governador), não tivesse caído do Governo e tivesse dado continuidade aos projetos dele seria bem melhor para o Estado. Porque ele tinha um projeto de desenvolvimento moderno, enxuto. Agora, a grande briga política terminou prejudicando o Estado: primeiro, o dinheiro que era para ter vindo para Mato Grosso do Sul não veio; o dinheiro previsto na Lei Complementar foi para Cuiabá. Mato Grosso pegou o Estado sem dúvida nenhuma. A União assumiu todas as dívidas para poder dividir, foi exigência dos cuiabanos. Aliás, os cuiabanos fizeram duas exigências: uma era que Mato Grosso do Sul fosse Mato Grosso do Sul, e não outro nome, e Mato Grosso ficasse sem ser norte, e a outra [exigência] era que todas as dívidas fossem quitadas. Como houve a briga, se brigou muito aqui, o que Cuiabá fez? Enquanto brigávamos, eles foram pegando a grana, fazendo aquele chororô, tipo ‘a gente é pobrezinho, não tem nada’, tanto que Mato Grosso do Sul terminou se endividando e Mato Grosso não. Nós ficamos com uma dívida em determinada ocasião, Mato Grosso do Sul era o estado que mais devia para fora porque ficou sem o dinheiro da divisão”.
*Jornalista