O PSDB não descarta abrir espaços para outros partidos na disputa pela prefeituras, em 2024, o que significa que pode fazer alianças sem necessariamente ser cabeça de chapa. Esse norte sobre como será a movimentação das peças no tabuleiro da sucessão municipal foi dado pelo líder maior do partido tucano, o ex-governador Reinaldo Azambuja que é o presidente estadual da legenda, na entrevista ao tradicional jornal Correio do Estado, edição do último sábado (15).
Na prática, segundo algumas lideranças partidárias, Reinaldo Azambuja sinalizou que os tucanos querem se fortalecer nos municípios, porém não abrirão mão de fazer alianças que possibilitem a presença do PSDB como uma legenda atuante. Na entrevista, ele disse que ‘’ o PSDB não é um partido que só ele quer crescer, a nossa meta é crescer, mas deixar os aliados crescerem também, os parceiros, aqueles que ajudaram na eleição do Riedel. (o atual governador Eduardo Riedel’’.
Reinaldo Azambuja, em suas declarações, mandou, portanto, um recado: em municípios onde os prefeitos tucanos não estão tendo bom desempenho e que dificilmente farão o sucessor, o partido poderá estabelecer aliança com outro partido, dando-lhe a cabeça de chapa e ficar com a vice, ou não lançar nenhum nome, coligando os candidatos a vereadores na majoritária. A cúpula estadual estará, a partir de agora, avaliando seus atuais prefeitos.
Como presidente do PSDB, Reinaldo Azambuja até traçou o perfil de candidatos a prefeitos de outros partidos que merecerão eventual apoio da legenda que comanda.’’ Vamos apoiar aqueles que têm compromisso com as políticas públicas que nós defendemos nos últimos oito anos. Precisa cuidar do social de forma correta, fazer gestão para melhorar a vida das pessoas porque hoje o grande problema do chefe do Executivo é quando ele não faz uma gestão responsável. Ele acaba prejudicando a cidade e acaba prejudicando o próprio cidadão’’, disse.
Continuando, afirmou que ‘’então, eu penso que hoje em dia é muito mais fácil você fazer política de resultado. Um exemplo disso é que nunca na história de Mato Grosso do Sul tivemos um candidato a governador com apoio de 73 prefeitos. Isso demonstrou que nós governamos ouvindo, delegando e trabalhando com os municípios. E funcionou bem”.
PP
Com essa posição manifestada pelo líder tucano, uma das legendas que aparece em situação privilegiada é o PP (Partido Progressista), hoje aliado de primeira hora do PSDB. Não se descarta que o Progressista, em alguns municípios onde o prefeito esteja enfraquecido e corra o risco de não fazer o sucessor, ocupe a cabeça de chapa. Reinaldo Azambuja, ainda durante a entrevista, afirmou categórico: ‘’Não temos briga com o PP e, recentemente, até conversei com a Tereza sobre isso’’.
Reinaldo Azambuja (PSDB) e a senadora Tereza Cristina (PP)
O ex-governador referia-se à senadora Tereza Cristina que teve papel importante na eleição do atual governador Eduardo Riedel. ‘’Na eleição de 2020, por exemplo, eu e a Tereza Cristina sentamos para tratar das eleições municipais e ela disse que em alguns municípios disputaria com o PSDB, mas, se o candidato do PSDB ganhasse, o partido também ganharia. Por isso, em 2024, em alguns municípios, o PSDB e o PP, vão caminhar juntos.’’, afirmou o líder tucano, acrescentado que ‘’em outros, há diferenças locais que vão impedir isso e a gente tem de respeitar, pois é normal’’.
É importante lembrar que essas situações serão analisadas pelo comando do PSDB para ver se vale a pena o confronto. Afinal, o PP é um partido forte: tem o vice-governador do Estado, Barbosinha; a senadora Tereza Cristina; o deputado federal Luiz Ovando e os deputados estaduais Gerson Claro, presidente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul, bem como o decano Londres Machado, líder do Governo do Estado naquele Parlamento. Apto, portanto, a ter candidatos a prefeito nos diversos municípios.
MDB
O ex-aliado do PSDB por muitos anos, o MDB também não está fora dos planos dos tucanos, conforme deixou claro o ex-governador Reinaldo Azambuja, em sua entrevista. ‘’A gente sempre teve um ótimo relacionamento com o MDB’’, esclarecendo que ‘’conversa bem’’ com todas as lideranças emedebistas, no caso, os deputados estaduais Junior Mochi (presidente da legenda), Marcio Fernandes (líder do G-9 na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul) e Renato Câmara.
Junior Mochi (MDB) e Reinaldo Azambuja (Foto: Arquivo)
‘’Também voltamos a conversar com o ex-governador André Puccinelli, com ex-senador Waldemir Moka, que são lideranças que a gente respeita muito. Então, é possível que a gente consiga pavimentar uma parceria, que já tivemos no passado e podemos ter no futuro’’. Um aceno, portanto, que pode deixar preocupados até mesmo integrantes do ninho tucano que acreditam que terão prioridade na disputa eleitoral de 2024. Reinaldo Azambuja demonstrou, na entrevista, que a realidade é outra.