PF vasculhou casa onde propina
milionária era paga em isopor
Locais serviam de ponto de encontro para pagamentos de propinas
A fazenda Rancho Itália, em Nioaque, foi um dos alvos dos mandados de busca e apreensão da Operação Papiros de Lama, 5ª fase da operação Lama Asfáltica. Ela pertence a Mauro Cavalli, apontado pela Polícia Federal como um dos “laranjas” do ex-governador André Puccinelli (PMDB).
Outro mandado de busca e apreensão foi realizado em Barueri (SP), onde em uma casa foi entregue R$ 2 milhões em uma caixa de isopor. O dinheiro era referente a propina para Puccinelli.
Conforme as investigações, Cavalli era responsável por comprar fazendas e outros imóveis em nome de Puccinelli, com pagamentos em dinheiro e sem que houvesse comprovação de renda que justificasse a transação milionária.
Cavalli foi secretário municipal na gestão de Puccinelli nos anos de 1997-2004. Neste período, o patrimônio dele saltou de R$ 40 mil para cerca de R$ 10 milhões. As investigações ainda descobriram um empréstimo de Cavalli para Puccinelli de R$ 350 mil.
Apesar das suspeitas em torno da relação de André e Mauro, o MPE-MS (Ministério Público Estadual) arquivou um inquérito que investigava aquisição de propriedades rurais por Cavalli que, de fato, seriam do ex-governador.
Na delação premiada que resultou na operação de hoje, Ivanildo Cunha Miranda também comenta a relação entre o ex-governador e Cavalli. Ele diz que os dois eram amigos, e que em 2012 levou um valor em dinheiro até uma fazenda em Maringá (PR), a mando de Puccinelli.
ISOPOR EM CASA DE LUXO
Outro endereço visitado pelos policiais na manhã de hoje é o Residencial Tamboré, condomínio de luxo em Barueri, São Paulo.
Conforme contou à PF o delator Ivanildo Cunha Miranda, o local foi ponto de encontro para recebimento de cerca de R$ 10 milhões em propinas. O delator detalhou que em um destes encontros teria recebido R$ 2 milhões a mando de Puccinelli.
“Chegando lá, eu encontrei duas senhoras, eles me deram o nome, mas com certeza o nome era só fictício, só pré-combinado, eu cheguei lá tinha mãe e filha, na primeira vez, e ela pegou. Essa casa estava em obra, ela me entregou R$ 2 milhões, simples assim, passando pedreiro, tudo, e ela me entregou R$ 2 milhões em uma caixa de isopor, me entregou, eu peguei esse isopor e fui embora para o hotel”, revelou.
OPERAÇÃO
Deflagrada nesta terça-feira (14), a Operação Papiros Lama, 5ª etapa da Operação Lama Asfáltica, que investiga o envolvimento de pessoas físicas e jurídicas no esquema de desvio de recursos públicos que totalizam R$ 235 milhões, pelo apurado até o momento pela Polícia Federal.
No total foram cumpridos hoje dois mandados de prisão preventiva, dois de prisão temporária, seis de condução coercitiva e 24 mandados de busca e apreensão.
Além de Campo Grande, os alvos estão localizados nas cidades de Nioaque (MS), Aquidauana (MS) e São Paulo (SP).
Por Correio do Estado