A audiência pública que reuniu autoridades, representantes da sociedade, políticos e familiares da menina Sophia, morta aos 2 anos em Campo Grande, contou com declaração polêmica de uma professora e coordenadora de projeto social. A fala da mulher dividiu opiniões por conter conotação considerada machista.
Coordenadora do projeto social ‘Gentileza gera Gentileza’ e presidente do bairro Cohab, Iracema Cardoso, gerou polêmica ao discursar no plenário. A educadora começou a fala mencionando detalhes do currículo, de que era atuante na região como mãe, avó, professora e coordenadora de projeto social que atende mais de 100 famílias.
Ela relembrou crimes brutais, como de uma estudante assassinada por um pastor em um motel da cidade.
O discurso seguia com o pedido de chamar atenção das autoridades para ações nas periferias da Capital. Entretanto, gerou polêmica durante a fala ao criticar mães solos que se relacionam após o fim do relacionamento com os pais das crianças.
“Vou usar um termo, meio que me fugiu a memória, mas o que está acontecendo com nossas crianças é porque infelizmente as mães estão fazendo rodízio de padrastos. Ontem mesmo, orientei as crianças em relação isso. Não deixe mexer no seu corpo, grite, vá até uma pessoa que você confie”.
Algumas pessoas que acompanhavam a audiência, das cadeiras do plenário da Câmara Municipal de Campo Grande, se sentiram desconfortáveis com o comentário, mas nenhuma intervenção foi feita contrária à fala considerada machista.
Nas redes sociais, a fala da professora rendeu ataques e defesas. Internautas consideraram a fala machista em razão do julgamento destinado apenas às mães, consideradas por parte da sociedade como únicas responsáveis pela segurança dos filhos. “E cadê os pais, ninguém questiona isso?”, disse uma internauta.
Por outro lado, nas redes sociais também houve defesa à fala da mulher. “Na minha opinião não foi uma fala machista e sim uma verdade que ninguém mais consegue engolir, todos os dias é um caso de abuso diferente”, disparou uma das internautas.
A audiência pública reuniu destinatários da rede de proteção que atua em Campo Grande, dentre serviços de educação, saúde e social, além de familiares de Sophia, OAB (Ordem dos Advogados do Brasil de Mato Grosso do Sul), entidades e associação de moradores.
Foram ouvidos os representantes dos serviços públicos e a comunidade em geral, além de Jean Carlos Ocampos, pai de Sophia, e seu marido Igor de Andrade. Foram debatidos falhas no sistema de proteção à criança e ao adolescente.
“Estamos transformando nosso luto em uma luta para que outras crianças não passem pelo que ela [Sophia] passou, para que outros pais não passem pelo que estamos passando. Estamos pedindo para que os órgãos deem mais atenção para quando tiver dois pais, duas mães, estamos reforçando para eles fazerem a obrigação. Foi uma negligência, teve descaso, foi omissão, porque olhavam para dois pais e esqueciam da criança. Fomos atrás, mas caminhamos no inquérito sozinhos”, disse.
O debate também reuniu protestos da plateia, marcado pelos ânimos exaltados durante falas de representantes do poder público. ‘Se todos podem participar, por que cortaram o microfone?’ O questionamento veio de um adolescente de 16 anos que acompanhava a audiência.
A criança foi levada pela mãe a um posto de saúde, onde as médicas que atenderam a menina constataram que ela já estava morta há pelo menos quatro horas. Tanto a mãe como o padrasto de Sophia foram presos e já indiciados pelo crime.
Fonte: Midiamax / Foto: reprodução Facebook Câmara dos Vereadores de Campo Grande-MS