NIOAQUE ONLINE

Publicado em: 10/05/23


O Laboratório de Geografia Física e o Programa de Pós-graduação em Geografia da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) estão executando o projeto “Atlas Ambiental das Bacias Hidrográficas Cênicas: Bonito e Jardim – Mato Grosso do Sul”, que irá  diagnosticar e provocar reflexões sobre os riscos e problemas ambientais nesta paisagem que encanta milhares de pessoas todos os anos com seus rios de águas transparentes.

 

Tanto as águas cristalinas quanto as terras férteis são resultado do solo rico em calcário e essa característica das bacias hidrográficas cársticas atrai a agricultura, o turismo e a mineração, atividades econômicas importantes para o estado, mas que, quando em desacordo com a legislação, criam vários prejuízos ambientais a esse sistema tão complexo e frágil, formado por grutas, dutos, galerias subterrâneas, abismos, dolinas e grandes pontos de encontro de Mata Atlântica e Cerrado, vinculados à Serra da Bodoquena.

 

O desmatamento, a pressão da agropecuária, os desvios de água dos mananciais, as erosões provocadas pela falta de manejo correto das terras e a falta de um sistema de drenagem nas estradas não pavimentadas estão entre os principais problemas que podem diminuir o potencial geoecológico da região e alterar de forma recorrente as águas, inclusive causando seu turvamento.

 

Em determinado período do ano, após as chuvas, o que era transparente como um aquário natural, fica turvo com a entrada dos resíduos, provocando o cancelamento de passeios turísticos e contaminando a fauna e a flora aquáticas. Sem medidas de prevenção, o futuro dos rios Formoso e da Prata pode ser o mesmo do Rio Verde, que de verde virou marrom.

 

Nesta linha, o Atlas Ambiental também terá um aspecto propositivo, para que a ciência ajude a evitar o desequilíbrio dessas bacias hidrográficas cársticas. A produção do Atlas começou em setembro do ano passado e a previsão é de que seja concluída em 2024. No entanto, no decorrer do projeto, os resultados, vídeos e tutoriais serão disponibilizados à sociedade e aos órgãos oficiais para ampliar as pesquisas e estimular a criação de políticas públicas.

 

O vídeo sobre a primeira saída a campo da equipe do Atlas Ambiental está publicado no canal do Laboratório no YouTube, com imagens de drone do Rio Verde, Rio da Prata e Rio Miranda e observações dos pesquisadores Rafael Brugnolli Medeiros, que é professor visitante do Programa de Pós-graduação em Geografia da UFGD, e Charlei Aparecido da Silva, que é docente da Faculdade de Ciências Humanas (FCH) e coordenador do Laboratório de Geografia Física.

 

Eles expressam a preocupação com a descontinuidade das matas nativas, a pressão da soja nos limites das áreas de preservação ambiental da Serra da Bodoquena e as lavouras muito próximas dos banhados dos rios da Prata e Formoso (brejões). Os próximos dias de campo estão previstos para o final do mês de junho (Rio do Peixe) e de agosto (Rio Formoso).

INOVAÇÃO

No término do projeto, os dados poderão ser acessados de três maneiras: via Google Maps, o que contribuirá para sua utilização e visualização em outras saídas de campo; via WebGis, que é um site onde todos os dados produzidos pela pesquisa poderão ser acessados, através dos arquivos vetoriais e matriciais gerados; e por meio de QRCodes que levarão ao canal do YouTube e ao drive do banco de dados do projeto.

 

Além do pioneirismo na elaboração de vídeos e publicação no YouTube, a possibilidade de várias linguagens de dados que o Atlas Ambiental proporcionará, será algo inovador na cartografia. De acordo com o professor Charlei da Silva, o projeto do Atlas Ambiental é único por gerar um atlas multirreferencial em escala em nível de semidetalhe e com imagens atualizadas, o que será muito útil para gestão territorial dos municípios, já que a referência na cartografia na forma de Atlas de Mato Grosso do Sul é da década de 90.

 

A partir dos mapeamentos e levantamentos realizados, o Atlas poderá ser orientador de atividades de planejamento e gestão ambiental, diagnosticar a situação geoecológica das paisagens e proporcionar informações à comunidade local que podem promover soluções permeando a sustentabilidade dos geossistemas cársticos e ser utilizadas por professores, entidades ambientais e como meio de educação entre os cidadãos.

Compartilhar: