O município de Nioaque, localizado no sudoeste do Mato Grosso do Sul, seria o mais vulnerável à mudança do clima. Cidades como Juti, Paranhos e Tacuru estariam mais suscetíveis às alterações climáticas. Este diagnóstico é feito a partir de uma inovação tecnológica, um software, chamado Sistema de Vulnerabilidade Climática (SisVuClima), que gera mapas temáticos, tabelas e gráficos sobre os 79 municípios do Mato Grosso do Sul. Nos dias 25 e 26 de outubro, gestores e técnicos do estado participarão de uma capacitação sobre a ferramenta, no Grand Park Hotel (Avenida Afonso Pena, 5282, Chácara Cachoeira – Campo Grande/MS).
O software é um dos produtos do projeto Vulnerabilidade à Mudança do Clima, iniciativa da Fiocruz em parceria com o Ministério do Meio Ambiente, financiado com recursos do Fundo Clima. A ferramenta apresenta 67 tipos de informações sobre cada cidade do Mato Grosso do Sul, incluindo dados sobre cenários climáticos para o período de 2041 a 2070.
Desastres naturais no MS
Na ferramenta SisVuClima, a exposição a desastres naturais de origem hidrometeorológica considera os seguintes tipos de eventos mais comuns no país: deslizamentos decorrentes de fortes chuvas; enchentes, enxurradas e alagamentos; seca/estiagem; incêndios florestais, além do estresse hídrico e do número de pessoas vivendo em áreas de risco.
Para entender esses fenômenos, são avaliadas as ocorrências de óbitos em função dos eventos climáticos e o número de casos de desastres naturais registrados no passado. Estas informações possibilitam calcular o Índice de Desastres Naturais (IDN).
No Mato Grosso do Sul, Bataguassu foi considerado o município mais vulnerável para este índice: 1,00. Os municípios de Três Lagoas e Água Clara apresentaram uma vulnerabilidade elevada, 0,91 e 0,89, respectivamente.
No Pantanal, Corumbá estaria mais exposta aos desastres naturais, com um índice de 0,93. Coxim também teve um valor elevado – 0,84, enquanto a capital Campo Grande mostrou um IDN intermediário: 0,49.
Doenças associadas ao clima
Uma das informações fornecidas pelo software diz respeito às doenças associadas ao clima, tendo em vista que as mudanças climáticas podem influenciar a dinâmica de algumas delas, principalmente as infecciosas. Para o Mato Grosso do Sul, foram avaliados os seguintes itens: dengue, acidentes com animais peçonhentos, leptospirose, leishmaniose tegumentar americana e visceral, além de considerar o índice de mortalidade infantil por doenças intestinais.
Neste índice, Campo Grande foi considerado o município mais vulnerável – 1,00, em virtude da incidência de casos de dengue, leishmaniose visceral e acidentes com animais peçonhentos (serpente, escorpião e aranha). Cidades como Rio Verde de Mato Grosso e Corumbá, apresentaram valores intermediários para as doenças associadas ao clima, 0,66 e 0,64, respectivamente, por causa de enfermidades como leishmaniose visceral e dengue. O município de Santa Rita do Pardo foi considerado o menos vulnerável para este índice.
Informações estratégicas
Com o uso do software SisVuClima, gestores e técnicos do estado poderão avaliar e comparar as vulnerabilidades e os fatores de risco das cidades sul-mato-grossenses. Posteriormente, será possível planejar ações para reduzir os impactos das mudanças climáticas e aumentar a capacidade de adaptação das populações a esta nova realidade.
Mato Grosso do Sul será o sexto estado a participar da capacitação sobre a ferramenta, que já ocorreu no Espírito Santo, Pernambuco, Paraná, Amazonas e Maranhão neste semestre. No treinamento em Campo Grande, estarão presente representantes das seguintes instituições: Secretaria Estadual de Saúde; Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (IMASUL); ECOA; Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (CEDEC – MS); Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS); Fundação Neotrópica; Centro de Monitoramento de Tempo, do Clima e dos Recursos Hídricos de Mato Grosso do Sul (CEMTEC – AGRAER) e Superintendência de Gestão da Informação (SGI).
Fonte da notícia: http://www.acritica.net/