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Publicado em: 25/07/23


Desde março deste ano, alunos do Ensino Médio do colégio Unitrês Objetivo de Três Lagoas estão imersos no mundo do teatro grego. Com a ajuda de estudantes de História da UFMS, conheceram um pouco mais sobre o período conhecido como Antiguidade no projeto de extensão desenvolvido na escola. 

Assuntos como a mitologia do século cinco em Atenas, o sentido da tragédia para os gregos, o funcionamento dos festivais de teatro, a estrutura, o coro e as máscaras, entre outros, foram trabalhados em minicursos e oficinas nos meses de março e abril. A partir de maio, alguns dos participantes passaram a ensaiar, junto com estudantes da Universidade, para a apresentação da peça teatral “Medeia”, que será apresentada como atividade final do projeto no dia 4 de agosto. 

O espetáculo será no anfiteatro Dercir Pedro de Oliveira do Câmpus de Três Lagoas. A encenação será gratuita e aberta a toda a comunidade acima de 12 anos.

Projeto de extensão

De acordo com a coordenadora Dolores Puga, o projeto “Teatro grego nas escolas: conhecendo a Antiguidade” surgiu como apoio à recente disciplina optativa de extensão oferecida a todo o câmpus, intitulada “Estudos socioculturais e prática teatral”. A proposta é levar teatro com discussão histórica e sociocultural às escolas, com a possibilidade de apresentar qualquer obra de artistas reconhecidos em qualquer período, sejam clássicos ou de vanguarda. 

“No caso do nosso projeto de extensão, fizemos um recorte e buscamos o teatro grego porque, de fato, para os estudiosos do mundo antigo, ele é uma gama riquíssima de documentação do pensamento histórico daqueles povos, de estudos da linguagem, da mitologia e da cultura grega”, explicou a docente.

Os minicursos e oficinas foram ministrados por sete estudantes da UFMS a cerca de 50 alunos do Ensino Médio. A faixa etária entre 15 e 17 anos foi escolhida para trabalhar o tema devido à complexidade das peças teatrais gregas. 

Ainda segundo a professora, o projeto trouxe uma oportunidade única a todos, uma vez que os fez conhecerem vocabulários novos e expressões em grego e também as relações socioculturais entre os gregos e os considerados “bárbaros”, através das reflexões geográficas e diferenças culturais. “Os participantes puderam entender ainda a vinculação da mitologia com os costumes sociais, desenvolveram a expressão corporal e vocal, aprenderam formas de pensar o gênero trágico e conheceram e produziram máscaras teatrais gregas, entre outras coisas”, apontou.

Antes de integrar o projeto, a estudante de História Isadora Laís Moreira Bachiega já tinha um pequeno conhecimento sobre teatro grego, pois, em seu primeiro ano na Universidade participou de uma leitura dramatizada de “Lisístrata”, comédia escrita por Aristófanes, na qual protagonizou a personagem que dá nome à peça. Quando soube da disciplina optativa decidiu participar. “Esse projeto tem sido uma virada de chave na minha vida acadêmica, e me trouxe oportunidades únicas, dentre elas: lecionar e estar em contato com os alunos do Colégio Unitrês Objetivo, e também poder protagonizar novamente uma grande personagem do teatro Grego, que é a Medeia, uma mulher forte, de opinião e poderosa. O projeto também me deu oportunidade de estudar mais sobre a mitologia grega e assim me encontrar em um tema de pesquisa que pode vir a se tornar um projeto de pós-graduação ou mestrado”, disse.

A estudante contou também que a atividade permitiu o desenvolvimento de novas habilidades. “Em contato com alguns colegas da Universidade, fomos juntos descobrindo e desenvolvendo diversas qualidades como melhora na fala, alunos muito tímidos se mostraram mais comunicativos, isso porque o teatro nos dá um poder de expressão muito grande. Quando estamos no palco, podemos ser qualquer pessoa, sem julgamentos, sem medo, também acredito que é muito importante para os alunos do ensino médio esse contato com a universidade pública e o meio acadêmico”, falou.

Vitor Hugo Muniz Boldorini do segundo ano do Ensino Médio contou que já tinha interesse pelos palcos, mas ainda não havia ouvido falar do teatro grego quando soube do projeto por meio da coordenadora da escola Luciane Santiago. “Estou muito feliz por tudo o que aprendi e por poder encenar a peça, estou amando! É uma experiência nova, já me joguei de cabeça e não me arrependo. Está me ajudando muito em questões como: como lidar com o público e com os tons de voz que aprendemos com a vocal coach Marina Tannus”, falou. Marina é formada em Música pela Universidade Federal de Uberlândia e ministrou oficinas on-line de aquecimento e preparação vocal para melhor dicção e projeção no anfiteatro no dia do espetáculo.

Apresentação

A escolha de “Medeia” se deu por ser a tragédia grega que acompanha a professora Dolores em sua vida como pesquisadora do assunto. “É um misto de magia, terror e reflexão social; uma obra que nos retira da comodidade, e nos faz pensar nas dores emocionais das mulheres de forma intensa e visceral”, revela.

Além de Dolores, que é a diretora geral da peça, o projeto conta com a colaboração do também professor de História da UFMS, Leandro Hecko, cuja adaptação foi utilizada como base para a proposta do espetáculo; e dos estudantes de História que estudam o assunto: André Ferreira, que é bolsista CNPq, Rafaela Teixeira, que é bolsista UFMS, Carlos Antonio Nunes e Tainá André, voluntários de Iniciação Científica. 

Na composição da peça estão professores e estudantes do Unitrês Objetivo e da UFMS dos cursos de História, Geografia, Letras, Enfermagem e Pedagogia do CPTL. No elenco atuarão: Isadora Bachiega, André Ferreira, Carlos Antonio Nunes, Tainá André, Rafaela Teixeira, Anderson Silva, Vitor Hugo Boldorini, Jossyane Rosse, Anísia Balduíno, Isabella Ferreira, Geovana Ribeiro, Fernanda Gomes, Alyssa Matos, Luan Gimenez e Maria Eduarda Bento; na direção de arte, Sabrina Lyra; na assistência de arte, Amanda Rocha, Diego Santos e Luiz Fernando da Silveira; na fotografia, Alex Machado; na comunicação, Francisco Barros; na maquiagem e cabelo Ana Almeida, Bruna Corage, Giovanna Oliveira, Letícia Bertoi e Sabrina Lyra; no cerimonial Giseli Bergamini e Lucas Gomes, e na recepção, Diego Santos, Luiz Fernando da Silveira, Wallace Monsores e Victoria Oliveira. 

Os ensaios foram feitos em dois meses e meio. “No começo foi complicado porque não conhecia muito bem todos, mas depois que nos enturmamos foi ótimo. Teve dias que saímos dos ensaios tarde da noite, mas sei que vai valer muito, a expectativa está bem grande. Queremos que muitas pessoas venham nos prestigiar e que aquele teatro lote. Vamos dar o nosso melhor e tenho certeza que vai ser ótimo. Já esperamos que venham mais peças por aí”, falou Victor Hugo Muniz Boldorini.  

“Tivemos um esforço ‘homérico’ – trocadilho que vem a calhar! – de muita gente para que o projeto desse certo e para que o espetáculo viesse a ser suficientemente instigante para todos que procuram conhecer um pouco mais da cultura grega e se contagiar com a história da feiticeira de Cólquida”, afirmou a coordenadora.

“A expectativa é de que seja um sucesso, os alunos estão bem preparados e ansiosos. Esperamos todos no dia 4 de agosto, sexta-feira, no anfiteatro da UFMS”, finalizou a estudante Isadora Bachiega.

Com info0rmações da assessoria

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