NIOAQUE ONLINE

Publicado em: 04/03/16


Quatro funcionários da Secretaria de Saúde Indígena do município estão impedidos de sair da aldeia desde ontem

Gilmar Lisboa
Capital News

Novos ataques aos indígenas podem acontecer, Funai segue em alerta

Índios de uma aldeia de Nioaque mantêm, desde a tarde desta quarta-feira (2), quatro funcionários da Secretaria de Saúde Indígena (Sesai) do município como reféns – o órgão é subordinado ao Distrito Sanitário Especial Indígena, com sede na Capital.
Estão retidos no local, dois engenheiros ambientais, um ambientalista e o motorista do grupo, que teria ido à aldeia prestar serviços de ordem social.
O incidente ocorre na aldeia Taboquinha, na região rural do município. O grupo de funcionários está sendo mantido refém na casa de máquinas da estação de abastecimento de água da aldeia.
Os índios só aceitam libertar os reféns se a Sesai reconsiderar a demissão do único médico que atendia a comunidade. O médico teria sido exonerado, após  reclamar da falta de recursos e materiais de trabalho no posto local da Sesai.
No começo da manhã, os indígenas exigiam a presença na aldeia do coordenador do Dsei (Distrito Sanitário Especial Indígena) da Sesai (Secretaria Especial de Saúde Indígena), Hilário da Silva, que atende na Capital.
Os índios também exigiam que Hilário fosse ao local já acompanhado de um médico para substituir o profissional que foi exonerado.
O coordenador da Funai na Capital, que responde pelas ações na aldeia Taboquinha, disse ao Capital News que o órgão está próximo de achar uma saída para o problema em Nioaque. A solução, segundo ele, deverá sair nas próximas horas.

As lideranças das quatro aldeias da região estão se reunindo hoje (3) e mobilizando moradores para o protesto. De acordo com os índios, desde sexta-feira (26), não há atendimento médico, porque o Dsei não enviou outro profissional para substituição.

Antes de ser exonerado, o médico informou ao Dsei que não havia combustível para deslocamento da cidade para aldeia. Os manifestantes afirmam que, recentemente, um dentista também foi exonerado após fazer reclamações, no entanto, outra profissional foi designada para substituí-lo.

O coordenador técnico do Dsei, Vanderlei Guenka, informou que o órgão acionou a Polícia Federal para intervir na detenção dos funcionários, porque a situação pode ser classificada como cárcere privado. O órgão também enviou uma equipe de saúde do Polo Base de Aquidauana para a aldeia Taboquinha.

Segundo Vanderlei, os índios mantêm reféns um engenheiro eletricista, uma engenheira civil, um biólogo, que foram até o local pra fazer a manutenção do abastecimento de água, além do motorista. “São pessoas que trabalham para melhoria de qualidade da vida deles e não poderiam passar por isso, serem mantidos reféns em um local insalubre”, comentou o coordenador.

Conflito – A atual gestão da coordenação distrital da Sesai em MS é alvo de reclamações por parte de um grupo indígenas. O coordenador Hilário da Silva chegou a ser afastado em 2015. Lindomar Terena foi nomeado pelo Ministério da Saúde para ocupar o cargo, mas portaria do próprio órgão suspendeu a nomeação. Representantes, tanto do grupo que apoia Lindormar, como do que é a favor de Hilário fizeram manifestações na sede em Campo Grande, em novembro de 2015.

Em janeiro, indígenas da região de Miranda, a 201 quilômetros de Campo Grande, fizeram protesto reivindicando melhorias no atendimento de saúde para cerca de 9 mil habitantes, de oito aldeias e uma área de acampamento. Eles reclamaram de demora nos encaminhamentos para cirurgias, ausência de médicos e alegaram que veículos defasados eram usados para transporte de pacientes.

Fonte: http://www.capitalnews.com.br/cotidiano/demissao-de-medico-de-aldeia-leva-indios-a-fazerem-refens-em-nioaque/288664

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