A dedicação acompanhava Anderson Costa, de 21 anos, dentro e fora de campo. Lateral esquerdo, ‘Costinha’ é descrito como um rapaz tranquilo e comprometido com o sonho de ser jogador profissional. No dia 19 de janeiro, o jovem que amava jogar bola teve a trajetória interrompida durante uma partida da Copa Comércio Municipal, em Nioaque, a 179 quilômetros da Capital.
Diante da fatalidade, amigos questionam a morte do atleta, que regularmente realizava exames que nunca apontaram nenhuma doença. A indignação também acompanha o relato dos companheiros de time que denunciam a ausência de uma ambulância e equipe médica disponível no local.
Após passar mal no campo, ele foi carregado inconsciente por amigos que o levaram na carroceria de uma saveiro em direção ao hospital da cidade. Na unidade do hospital foi constatado o óbito do rapaz.
Costinha começou a jogar na infância e apesar da pouca idade colecionava passagens por clubes do Estado. Nos últimos meses, ele vestia o uniforme do Barbearia do Vale. Antes de atuar pelo time em Nioaque, Costinha treinava e jogava pelo Vila Nova CG FC na Capital.
Colegas de equipe do Vila Nova falam sobre o lateral esquerdo que sempre estava disposto a fazer mais um treino e jogar qualquer partida onde quer que fosse.
Companheiro de equipe, o empresário Rodrigo Bento, de 38 anos, comenta sobre o garoto querido por todos. “O Costinha era um menino que foi bem instruído pelos pais, um guri muito educado, dedicado no que fazia e responsável. Era um guri que queria vencer na vida sem precisar passar por cima de ninguém. Um guri que era amigo, humilde, ponta firme”, diz.
Nos últimos três anos, Rodrigo acompanhou a rotina do atleta que tinha comprometimento com os treinos. “Ele se dedicava ao máximo para poder se tornar um jogador profissional. A vida dele era jogar bola, ele fazia funcional, por isso a gente não entende, O guri se cuidava demais, ele treinava no período da manhã e à tarde e aconteceu essa situação”, lamenta.
Presidente do clube, Marcos Vila Nova, de 34 anos, conhecia o rapaz desde a infância. ‘Marquinhos’ relata o histórico do atleta que planejava disputar o campeonato estadual desde ano.
“Conheço ele desde os sete anos, ele jogava com meu filho. Sempre mostrou um menino dedicado e focado nos treinamentos. Jogou no Aquidauanense, Maracaju, Portuguesa do Paraná. Ele ia se apresentar no Comercial, estava tudo certo. Ia fazer a pré-temporada para disputar o Estadual”, conta.
Além de querer jogar profissionalmente, Costinha tinha outro sonho. Marcos revela que o jovem queria seguir os passos do pai. “Ele tinha o sonho de servir o Exército, porque o pai dele é sargento em Nioaque”, fala.
Enquanto almejava realizar esses dois objetivos, o jogador trabalhava com vendas. “Ele tinha uma loja virtual de roupas militares, sempre vendia chuteira, material esportivo”, cita.
A expectativa de que o resultado poderia ser diferente está presente no relato de Rodrigo e Marcos. Diante do ocorrido, Marcos aponta que Costinha poderia estar vivo se tivesse recebido suporte profissional de imediato.
Ele comenta que após a morte do rapaz, o Vila Nova quer entrar com um pedido para que em partidas amadoras seja disponibilizada uma ambulância do Corpo de Bombeiros ou Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência).
“A gente trouxe para nosso grupo e pela situação vamos solicitar para que em todos os campeonatos amadores a prefeitura possa exigir que tenha uma ambulância com desfibrilador. Isso poderia ter salvo a vida dele. Estavam despreparados, colocaram ele numa pampa e levaram pro hospital. A ambulância não estava na hora, eles ligaram e não tinha”, afirma.
“Se tivesse uma ambulância seria mais fácil de estar socorrendo. Teriam pessoas aptas para estar ali fazendo os primeiros socorros”, completa Marcos.
Filho único, Costinha deixa a mãe Lucilene dos Santos e o pai José Soares da Costa.
Fonte: Campo Grande News