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Publicado em: 06/06/23


 

Pesquisadores da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) em Minas Gerais conseguiram reeducar células de defesa do organismo para combater o câncer de mama. O estudo abre caminho para desenvolver novos tratamentos de imunoterapia, ou seja, que estimulam o próprio sistema imunológico a reconhecer o tumor como algo a ser destruído.

Para chegar a esse resultado, os cientistas usaram nanopartículas de óxido de ferro, que são estruturas muito pequenas capazes de uma grande interação com as células e com baixa toxicidade. O objetivo era modificar um tipo de célula de defesa, os macrófagos, para que elas pudessem combater o câncer. Essas células compõem quase metade da massa de um tumor.

Enquanto um tipo de macrófago, o M1, ajuda a limitar o crescimento das células cancerosas porque tem características inflamatórias, o tipo M2, ao contrário, tem ação anti-inflamatória e permite o crescimento das células tumorais. As nanopartículas introduzidas nas células alteram a quantidade de ferro presente e fazem uma reprogramação celular. Assim, elas transformam o M2 em M1.

Os cientistas fizeram o estudo em 3 etapas: primeiro testaram o efeito in vitro, cultivando macrófagos e células tumorais em laboratório. Em contato com as nanopartículas, eles conseguiram fazer a reprogramação dos macrófagos e provocar a morte das células indesejadas. Depois, foi feito um ensaio em um modelo 3D multicelular, que imita o microambiente do tumor do câncer de mama, incluindo outras células do organismo humano.

Por fim, foram feitos testes em camundongos com câncer de mama. “Foi o resultado mais surpreendente porque, com apenas uma aplicação, conseguimos reduzir em 50% a massa tumoral”, conta Camila Sales Nascimento, pós-doutoranda do grupo de Imunologia Celular e Molecular, uma das líderes do trabalho.

As nanopartículas de óxido de ferro usadas no estudo foram produzidas nos laboratórios da Fiocruz Minas, por meio de uma parceria com a equipe do professor Celso Melo, do Departamento de Física da Universidade Federal de Pernambuco, que desenvolveu, originalmente, o composto.

Nova opção de tratamento

Segundo o líder do grupo de Imunologia Celular e Molecular da Fiocruz e coordenador do projeto, Carlos Eduardo Calzavara, o estudo abre caminho para novos tratamentos. “Não é um tratamento substitutivo, mas pode vir a ser uma alternativa, principalmente em casos de tumores agressivos.”

Atualmente os pesquisadores estão trabalhando para determinar informações sobre absorção, efeitos colaterais, doses e toxicidade para poder iniciar testes clínicos em humanos.

 

 

Foto: EBC / Arquivo

Fonte: Agência Einstein

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