O espírito empreendedor dos agricultores familiares Algemiro de Souza e Lucilene de almeida deu frutos no Assentamento Tupã Bae, em Miranda. Da venda de uma única bacia de mandioca, o casal hoje tem uma agroindústria que processa, congela e embala a raiz congelada. O empreendimento foi inaugurado há algumas semanas.
Muito mais do que sustento, a família espera que o novo negócio traga de volta os filhos que foram tentar a vida na cidade e fixe no campo o caçula, que ainda mora próximo dos pais e presta serviço nas propriedades rurais da região. “Eu tenho fé que, quando me aposentar daqui a alguns anos, passe essa propriedade para eles tocarem”, diz Lucilene.
Os três herdeiros eram apenas crianças quando Lucilene e Algemiro conquistaram o pedaço de chão. Eles chegaram a trabalhar com comércio de gado, mas o retorno financeiro inconstante não os agradava.
Paralelamente, entre uma colheita e outra, eles tentaram comercializar a mandioca para a atravessadores, que lucravam em cima do esforço dos pequenos produtores. Um dia, eles tomaram coragem e bateram na porta de um restaurante que gostou do produto e virou cliente da família.
“Nós começamos com 15 quilos, depois fomos para 20 e então para 30. Foi então que eu acreditei na ideia de montar a agroindústria, porque as coisas foram se encaixando. Não foi fácil, mas com a ajuda da Agraer (Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural) tudo foi encaminhado e nós conseguimos”, conta Lucilene.
A propriedade deles é assistida pelo escritório local de Miranda. Os extensionistas os acompanham desde o começo, sempre os incentivando a colocar as ideias em prática.
“Essa família é nossa vitrine”, disse a coordenadora regional da Agraer em Anastácio, Vera Golze, que abarca o município de Miranda em sua área de atuação.
Além disso, a família foi assessorada pela equipe do setor de Agroindústria e Compras Públicas, que fica na Agraer Central, no Parque dos Poderes. Os trabalhos incluíram orientação na construção do espaço, elaboração dos manuais de boas práticas, auxílio na documentação para obter o alvará sanitário e rotulagem.
O diretor-presidente da Agraer, Washington Willeman, participou da inauguração. Na ocasião, ele ressaltou a importância desse trabalho e comentou a respeito das tratativas que tem feito para fomentar a agroindustrialização da agricultura familiar em Mato Grosso do Sul.
“Até pouco tempo, não tínhamos incentivo. Estamos correndo atrás de verbas, porém como existem certos procedimentos que temos que executar, estamos dando um passo de cada vez. Os projetos já foram encaminhados para Brasília”, completou.