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Publicado em: 15/05/23


Lideranças indígenas de Campo Grande apresentaram, durante audiência pública nesta segunda-feira (15), uma série de demandas das comunidades. O debate foi convocado pela Comissão Permanente de Meio Ambiente da Câmara Municipal, composta pelos vereadores Zé da Farmácia (presidente), Silvio Pitu (vice), Dr. Jamal, Betinho e Prof. André Luís.

 

“Houve uma desvalorização e um desrespeito aos povos indígenas. É importante que façamos essa reparação. Essa audiência é para sabermos se estamos no caminho. E, para saber, queremos ouvir os povos indígenas. Eles têm que nos dizer se estamos no caminho certo”, disse o vereador Prof. André, que propôs o debate.

 

“A participação da sociedade organizada, com a participação desses povos, agregará valor ao nosso crescimento. Temos que crescer sempre e de forma sustentável. Não podemos destruir o meio ambiente a título de crescimento”, continuou.

 

A audiência contou com a participação de diversas lideranças indígenas, representantes de órgãos públicos e autoridades no assunto. Líder da Setorial Indígena do Rede Sustentabilidade, Aguinaldo Arruda Areco, cobrou mais ações do poder público na periferia da cidade.

 

“Precisamos ter resultados e avanços. Os jovens indígenas hoje, em Campo Grande, têm enfrentado muito o assédio do álcool e do tráfico de drogas. Precisamos avançar em relação ao esporte dentro dessas comunidades indígenas”, propôs.

 

Já o cacique da Comunidade Indígena Água Funda, Ivaneis Gonçalves Moreira, pediu melhorias na infraestrutura da região. “Vivemos em situação de extrema vulnerabilidade. Não temos coisas básicas, como moradia e educação, já que a escola mais próxima fica a mais de um quilômetro, e as crianças vão a pé. Temos mais de 100 crianças, a maioria terenas. São 92 famílias, e mais de 400 moradores. Necessitamos desse olhar do poder público”, pediu.

 

O presidente do Conselho Municipal de Direitos e Defesa dos Povos Indígenas, Auder Romeiro Larrea, também pediu avanços nas áreas de educação, saúde e infraestrutura. “Falo como morador da Aldeia Água Bonita, pois é o morador que sente na pele o que acontece dentro da comunidade. A maioria das comunidades estão no chão, sem asfalto”, exemplificou.

 

Para a advogada Tatiana Ujacow, a luta é antiga, alguns passos são dados, mas faltam esforços efetivos. “Nossos primeiros habitantes estão padecendo com educação, saúde, transporte e moradia precárias. Até onde vamos para sensibilizar os governos sobre essa situação? As situações não se modificam, os clamores são os mesmos, e as vozes não são ouvidas. Há quanto tempo falamos de desnutrição? A voz principal a ser ouvida é de quem está ali sofrendo. O indígena que deixa sua aldeia, não deixa de ser indígena. Os povos carregam sua tradição e sua cultura, e assim devem ser respeitados e ouvidos”, afirmou.

 

Já a advogada Gisele Marques observou que alguns indígenas, mesmo com ensino superior e até mesmo Mestrado, encontram dificuldades para ingressarem no mercado de trabalho. O motivo, segundo ela, seria o preconceito, e é preciso medidas do poder público.

 

“Muitos se capacitam e não conseguem emprego. É preciso incentivos, talvez do Poder Executivo. Mas podemos fazer uma indicação para que a chefe do Executivo elabore um projeto de lei para mandar a essa Casa para criar benefício fiscal às empresas que empregarem mão de obra indígena”, sugeriu.

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