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Publicado em: 20/07/23


A Polícia Civil, por intermédio da DERF (Delegacia Especializada em Repressão a Roubos e Furtos), deflagrou na terça-feira, 18/07, uma operação com o objetivo de prender integrantes de uma associação criminosa formada por travestis, que abordavam pessoas nas ruas, clientes ou não, e as obrigava a fornecer cartões de bancos para que elas pudessem realizar transferências e compras. A ação aconteceu em Campo Grande e resultou na prisão de quatro pessoas.

Segundo apurado, após intensa investigação, a DERF conseguiu identificar, localizar e capturar quatro integrantes de uma associação criminosa, responsável pela prática de diversos crimes de roubos praticados na capital do Mato Grosso do Sul. Os autores são oriundos do Estado do Amazonas.

A investigação teve início a partir do registro de uma ocorrência na DEPAC, a qual a vítima narrou que um grupo de travestis teria entrando em seu veículo e o ameaçado, exigindo seus cartões de crédito e realizado transações em maquininhas de cobrança, realizando diversas compras e transferências para determinadas contas bancárias. Diante da natureza dos fatos, o caso foi encaminhado à DERF.

Em diligências iniciais, investigadores constataram diversos outros boletins de ocorrência com a mesma forma de agir. Os travestis, em tese, abordavam pessoas na rua e mediante violência ou ameaça, realizavam diversas transferências bancárias e compras com os cartões de crédito das vítimas, tendo como beneficiárias as mesmas contas bancárias e pessoas jurídicas.

Em continuidade às investigações, identificou-se que o CNPJ do lava jato estava sendo beneficiado com essas transações ilícitas da proprietária, sendo que em pesquisas a fontes abertas, constatou-se que esta se utilizava, em uma rede social, de nome feminino ao lado de seu nome masculino. Dessa forma, foi a primeira travesti a ser identificada.

Ainda durante as investigações, um novo boletim de ocorrência foi registrado na DERF, tendo a vítima relatado que três travestis o teriam ameaçado e pegado seu cartão bancário para realizar transferências, porém, como não deu certo, as acusadas subtraíram seu aparelho celular, uma aliança e pulseira de ouro, além de R$ 250,00 em cédulas e demais objetos. Diante de detalhes obtidos neste caso, foi possível identificar as demais envolvidas, apurando-se que todas as quatro residiam no mesmo local.

Perante a constatação do crime de associação criminosa, que é de natureza permanente, a equipe da DERF se deslocou até a residência das investigadas capturando as quatro integrantes do grupo criminoso. Nove maquininhas de cartão de crédito e diversos objetos identificados como produtos dos crimes de roubo cometidos pelas autoras, foram apreendidos.

Em interrogatório, todas as investigadas confessaram a prática dos crimes. Elas revelaram que passaram por um “treinamento” com outra travesti no Estado de Santa Catarina, que lhes ensinou o modo de agir para conseguir a subtração de valores de clientes através das máquinas de cartão, inclusive, disseram recusar pagamento dos programas em dinheiro, pois, assim frustraria parte do esquema criminoso, em que era necessário o acesso ao cartão da pessoa, para retê-lo e realizar as transações financeiras. Ainda disseram ter passado por outros Estados da e terem procedido da mesma forma, antes de chegarem a Campo Grande.

A proprietária do lava jato informou que, a partir disso, criou uma pessoa jurídica com finalidade exclusiva de cometer crimes, solicitando máquinas de cartão de crédito vinculadas a tal empresa para receber os proventos da prática delituosa. Confessou ainda que o modus operandi da associação criminosa consistia em iniciar um programa sexual com o cliente e no momento do pagamento do serviço, enquanto a vítima estava em situação de vulnerabilidade, pedia para esta pagar no cartão de crédito, proferindo ameaças e assim subtraindo mais valores da vítima. Vale ressaltar, que as vítimas eram escolhidas por elas de forma aleatória, independente de serem clientes ou não. A maioria dos roubos ocorreu na Vila Progresso.

Apurou-se ainda que a maioria das investigadas são soropositivo e possuem a ciência de tal fato, entretanto realizavam alguns programas sem o uso de preservativo. Diante dessa constatação, a Polícia Civil alerta para que possíveis vítimas procurem o sistema de saúde para realização de exames, e caso seja necessário, procurem novamente a DERF para fornecerem mais informações, tendo em vista que as autoras podem ser responsabilizadas criminalmente também por este fato.

A operação foi um desdobramento de outra realizada em fevereiro deste ano, onde a DERF identificou três travestis que praticavam roubos nesta capital, sendo duas delas presas na ocasião. Ao todo, foram presas seis travestis, todas do Estado do Amazonas, que vieram para o Mato Grosso do Sul com o intuito de praticar crimes.

A Polícia não descarta a possibilidade da existência outras vítimas e segue com as investigações para identificar a existência de outros membros do grupo.

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