Aguardado como um dos maiores julgamentos de Mato Grosso do Sul, teve início hoje (17), às 8h, o júri popular que sentenciará se Jamil Name Filho foi o mandante do atentado que resultou na morte de Matheus Coutinho Xavier, de 19 anos, por engano. O rapaz era filho do ex-policial militar Paulo Teixeira Xavier, que seria o alvo dos tiros.
No dia 9 de abril de 2019, o estudante de Direito foi morto quando deixava a garagem da casa onde morava em uma caminhonete S10, que pertencia ao pai dele, o verdadeiro alvo da família Name. Na ação, dois homens se aproximaram em um veículo e já desceram atirando, por volta de 18h.
Matheus foi atingido pelo menos sete vezes por um fuzil, conforme apontado pela perícia.
Jamil Name Filho não teria planejado a execução sozinho. O policial civil aposentado Vladenilson Daniel Olmedo e o ex-guarda-municipal Marcelo Rios, os outros dois réus do julgamento, teriam sido ordenados a contratar os pistoleiros para realizar o crime. José Moreira Freires e Juanil Miranda Lima ficaram a cargo da execução.
O crime da tentativa de execução de Paulo Teixeira, que vitimou o filho dele, foi o estopim para que o ex-policial militar e outras testemunhas dos diversos atentados pelos quais os Name são acusados fossem à Justiça para denunciar os mandatários Jamil Name e Jamilzinho.
Em entrevista ao Correio do Estado, o ex-policial militar Paulo Roberto Teixeira Xavier, pai da vítima, deixou claro que não teme o grupo. “Depois que mataram o meu filho, não tenho medo de mais nada”.
“Quem tem do lado a Justiça e Deus não tem que ter medo. Depois que a família Name foi presa, em 2019, o Estado, que eles queriam que ficasse na pobreza, melhorou e as boas empresas começaram a investir em Mato Grosso do Sul”, declarou Paulo Teixeira.
Questionado em entrevista sobre o julgamento que se inicia hoje, ele afirmou que acredita que o réu será condenado pelo crime e ainda informou que tem o conhecimento de outras testemunhas de outros casos que ainda não foram solucionados.
“Eu espero que muitas pessoas, parentes de outras vítimas de homicídio, que estão aguardando essas condenações comecem a falar sobre os crimes cometidos por eles”, disse.
Segundo ele, “ninguém tinha coragem de denunciar os crimes. O Vladenilson [um dos réus no julgamento] sabia quem eram os parentes das vítimas e ele ia à casa das pessoas intimidá-las, dizendo para ficarem quietas”.
Sobre o tempo de prisão que Jamil Name Filho e os demais réus devem pegar, Paulo afirma que gostaria que o júri determinasse pena máxima.
“Foram 40 anos de crimes cometidos, quero que eles sejam condenados com a pena máxima, para morrerem na cadeia, não tenho motivos mais para me esconder”, finalizou.
Acusado de chefiar a organização criminosa que teria orquestrado diversos homicídios, Jamil Name Filho é réu em seu primeiro julgamento popular, marcado para ocorrer a partir de hoje, no Tribunal do Júri de Campo Grande.
Além dele, mais dois réus são acusados do assassinato do estudante Matheus Coutinho Xavier, o policial civil aposentado Vladenilson Daniel Olmedo e o ex-guarda-municipal Marcelo Rios.
Conforme a agenda do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS), o julgamento pode se estender por até quatro dias.
Segundo o Tribunal de Justiça, o corpo de jurados será formado por sete pessoas, as quais terão os nomes sorteados logo no início do julgamento. Serão convocadas 25 pessoas entre as que se inscreveram para júri.
O juiz responsável pelo julgamento, Aluizio Pereira dos Santos, da 2ª Vara do Tribunal do Júri de Campo Grande, sorteará os nomes dos jurados e tanto a defesa quanto a acusação podem recusar três nomes cada um.
Formado o conselho de sentença, composto pelos sete jurados, ele será encaminhado ao plenário, para dar início ao julgamento.
Os réus estão sendo acusados pelo crime de homicídio qualificado por motivação torpe, sem chance de defesa à vítima, e porte ilegal de arma.
Fonte: Correio do Estado